As drogas como fenômeno social

De modo geral, exceto nos casos de tráfico de escravas - que muitas vezes são mulheres que foram drogadas e seqüestradas - ninguém é obrigado a consumir drogas. É a falta de valores e de um sentido na vida que leva à autodestruição. Ou mesmo uma excessiva exigência familiar, acadêmica ou social, que vai além das possibilidades de uma pessoa. Não é porque podemos ter acesso à heroína, à cocaína, à maconha ou ao haxixe que devemos consumí-los.

Na família, nos centros de formação educacional e no próprio ambiente social estão causas que se deve levar em consideração. Por que alguns jovens se tornam droga-adictos? Todo aquele que alguma vez consumiu drogas se tornou viciado? É um sofisma argumentar que, dado que a maioria dos viciados alguma vez na vida fumou cannabis, dizer que a maconha ou haxixe são a causa da droga-adicção. Ou que todo aquele que já fumou erva, algum dia se converterá em um viciado. Também a maioria dos droga-adictos já tomou café, leite condensado ou foi a aulas de catecismo de sua paróquia, e não foram estas as causas de sua desgraça.

Não faltam exemplos que confirmam o contrário: dê a um jovem um sentido para sua vida, desperte sua auto-estima, aceite-o em sua realidade, acolha-o e faça com que se sinta necessário, ajude-o a transformar os critérios que o deformaram e vejam como ele descobrirá a alegria de viver.

A confusão na análise das causas e efeitos das drogas nos leva a cair em simplificações do tipo "essas coisas não acontecem com pessoas de boa moral e bons costumes" ou "se acabamos com os narcotraficantes, acabamos com o problema da drogas".

Certos políticos e alguns pais que sofrem deste problema em sua família se lançam contra as liberdades conseguidas, culpando-lhes por todos os males. Como são capazes de ignorar sua parcela de responsabilidade em alguns aspectos do problema?

Se não fosse a droga, seria o consumismo ou outra forma de alienação mediante dependências, para mascarar as verdadeiras causas de esse rechaço da sociedade, da família e de si mesmos, que significa a perda da auto-estima, da dignidade e dos sinais de identidade.

Uma das principais causas de fuga da realidade por meio das drogas é a inseguridade, o medo e a não-aceitação de si mesmo, começando pelo próprio corpo.

O ser humano que não se aceita ou se ama, não pode desenvolver uma auto-estima que lhe faça responsável e livre para viver com coerência.

José Carlos Gª Fajardo

Este artículo fue publicado en el Centro de Colaboraciones Solidarias (CCS) el 21/06/2004