De experiência íntima a fenômeno social
A
confusão na análise das causas e dos efeitos das drogas nos faz cair
em simplificações como "não acontece nada com as pessoas
direitas", ou "se acabamos com os narcotraficantes, termina o
problema da droga". Alguns
pais que sofrem desse flagelo na família e alguns políticos que
arremetem contra as liberdades conseguidas, fazendo-as responsáveis
pelos males e ignoram sua parte de responsabilidade em alguns aspectos
do problema. Se
não fosse a droga, seria o consumismo ou outras formas de alienação
mediante dependência para paliar as verdadeiras causas desse rechaço
da sociedade, da família e de si mesmos, que significa a perda da
auto-estima, da dignidade e dos sinais de identidade. Ninguém
é obrigado a consumir drogas, mas é a falta de valores e de um sentido
para viver que leva à auto-destruição. Porque podemos dispor de heroína,
de coca, de maconha ou de haxixe e nem por isso iremos consumi-lo. Na
família, nos centros de formação e no próprio ambiente estão as
causas que é preciso considerar-se. Ninguém está a salvo de ver um
ser querido afundar-se em drogas, quando falham as bases éticas e
culturais. Por que alguns jovens se tornam dependentes de drogas? Todo
aquele que alguma vez consumiu alguma droga se tornou drogadicto? Em
muitas ONG’s sobram exemplos que confirmam o contrário: dê a um
jovem um sentido para sua vida, desperte sua auto-estima, aceite-o em
sua realidade, integre-o e faça com que se sinta necessário, ajude-o a
transformar os critérios que o deformaram e verá como ele descobre a
alegria de viver. Uma
das principais causas da fuga da realidade por meio das drogas é a
insegurança, o medo e a não aceitação de si mesmo, começando pelo
próprio corpo. É preciso que os especialistas dialoguem com os
pacientes e com suas famílias para uma terapia que se dirija às fontes
e não só aos efeitos ou aos instrumentos dos quais se servem para
fugir de uma sociedade da qual não gostam e na qual se encontram
deslocados e se auto-excluem. |
José Carlos Gª Fajardo
Este artículo fue publicado en el Centro de Colaboraciones Solidarias (CCS) el 28/06/2004