Dobrando
a esquina
Nas grandes cidades, quando
chega o verão, muitas famílias saem de férias e não sabem que o fazer com
os idosos. Os dados dos centros sanitários são aterradores: quando se
aproxima o final de julho e suas quinzenas, os serviços de urgências dos
hospitais públicos entram em colapso. Levam aos avós, instruídos para que
se encontrem mal e não estraguem as férias do resto da família. Quando no
final de alguns dias, superam as supostas crises e do hospital chamam suas
famílias para que passem para buscá-los, ninguém atende ao telefone. Os voluntários das ONGs que prestam esses serviços são testemunhas de cenas dilacerantes. Mas como dizem alguns anciãos, “pior é que lhe deixem sozinho em casa com umas caixas de leite na geladeira, uns iogurtes e pão no congelador; e nunca falta a recomendação: “Você se arruma, vovô, e não saia na rua para que não lhe aconteça nada, nem abra a porta, que hoje em dia há muita gente sem coração.”“ Como não deve haver protesto sem proposta alternativa, por que não atuamos cada um em nossa posição? É simples: descubram se no seu bloco de apartamentos ou em sua urbanização, há alguma pessoa idosa que viva sozinha, ou que esteja doente. Perguntem ao porteiro, ou na loja do bairro, ou na farmácia. Vá visitá-la e se ofereça para trazer-lhe algo já que você está indo fazer compras; ou para acompanhá-la em alguma encomenda; ou ir ao cabeleireiro; ou para sentarem-se num barzinho para beberem juntos um refresco. Se se trata de uma pessoa enferma, leve-lhe algumas revistas e ofereça-se para o que possa necessitar. Agradecem-se tanto umas frutas, uma compota ou um biscoito. Às vezes, basta com que acompanhemos um enfermo por algumas horas, enquanto o familiar que lhe está cuidando sai para espairecer um pouco. Isto é o que nunca compreenderão algumas instituições, nem certas associações que lhes servem em suas políticas setoriais, e que crêem precisar de grandes financiamentos para ser eficazes. Nem é preciso ir ao estrangeiro para praticar o que, não poucas vezes, torna-se um turismo disfarçado. Aqui, ao dobrar a esquina, um ancião, uma pessoa doente ou solitária, está nos esperando. Claro que sim, podemos fazê-lo. Não é mais do que se aproximar, chamar na porta e agradecer que nos permitam acompanhá-los. |
José Carlos Gª Fajardo
Este artículo fue publicado en el Centro de Colaboraciones Solidarias (CCS) el 10/01/2005