Marketing com causa errada
"O Marketing com causa (MCC) é como fazer negócios fazendo o bem, sem dano da imagen da empresa", diz um mailing enviado a empresários para "incrementar o negócio e melhorar a imagen da empresa". Por 1.200 euros por pessoa, ensinam em um dia e meio a fidelizar a clientela através do apoio de uma causa social segundo as sensibilidades da demanda. Ressaltam “os valores prioritários do seu target: a fome, a luta contra as drogas e a defesa do meio-ambiente… evitando a relação causa-efeito entre o produto e a causa apoiada.” Daí que para "planificar um programa de MCC que incremente os benefícios da empresa”, eles vão ajudar-lhe a detectar os valores inerentes a seu segmento de mercado, a selecionar seu partner e o projeto, "de forma que seja bem-recebido pelo público e consiga a maior repercução social.” Não poupam esforços na hora de garantir a direção do programa "com transparência para reduzir o cetismo dos consumidores: o triângulo cliente---organização não-lucrativa---empresa... evitando cair na exploração da causa por parte da empresa segundo a visão do cliente.” Asseguram que se deve usar uma associação humanitária sem intenção de lucro para aumentar os benefícios de uma empresa. Não importa se trafica-se com dinheiro, armas, cigarros, hipotecas, álcool ou produtos tóxicos. Produz pavor que sejam identificadas com valores os quais a opinião pública é mais sensível: a fome, as drogas e o meio-ambiente. Logo acrescentaram a exploração de crianzas, o maltrato das mulheres, as vítimas da guerra ou os doentes incuráveis. A chave está em encontrar uma ONG que não pergunte muito, que esteja disposta a receber uma quantidade de dinheiro "para o meritório trabalho que realizam" e conseguir uma cobertura dos meios de comunicação "para conseguir a maior repercução social". Partindo deste pressuposto, não se trata de aliviar o sofrimento, combater as causas que ocasionam a marginação, a fome, a exploração dos seres mais frágeis, mas de vender mais e ganhar mais dinheiro que, por outro lado, ver-se-á aumentado pela desgravação fiscal das quantidades doadas. Pensamos que a qualidade do produto e o serviço é o que deve ser informado pelo marketing. As ONGs não devem prestar-se a estas atividades porque o fim nunca justificará os meios. Desvirtua-se o trabalho das empresas que ajudam a obras sociais sem pedirem nada em troca. |
José Carlos Gª Fajardo
Este artículo fue publicado en el Centro de Colaboraciones Solidarias (CCS) el 31/05/2004